terça-feira, 16 de março de 2010

Cidade tem sexto desembargador

Nascido em Altinópolis, no interior do Estado, mas morador de Mogi das Cruzes desde a década de 80, o juiz de Direito Edison Vicentini Barroso, 51 anos, é desde ontem o mais novo desembargador do Tribunal de Justiça (TJ) do Estado de São Paulo, onde está designado para atuar na 38a Câmara de Direito Privado. Defensor de mudanças estruturais no sistema judiciário brasileiro, de forma que a legislação deixe a Justiça "mais firme, menos quantitativa e mais qualitativa", o magistrado vai compor com um grupo de outros cinco juízes de Mogi das Cruzes que atua no TJ e disse que isso possibilitará "conjugar esforços" na busca de melhorias para o Fórum de Braz Cubas, cujas condições de funcionamento são precárias.
"Temos alguns juízes daqui que já estão no Tribunal. Então, nós podemos nos unir na tentativa de favorecer essa melhoria", destacou o juiz, em entrevista a O Diário pouco antes de seguir para São Paulo, onde a posse como desembargador aconteceu às 17 horas e foi prestigiada por várias pessoas da Cidade. "Bebi da água ali da Mãe Pobre, do seu Antônio de Pádua, e acho que não vou mais deixar Mogi", afirmou Barroso, ao comentar a sua ligação com Mogi das Cruzes, terra natal de dois dos seus cinco filhos.

Advogado formado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), no Largo São Francisco, Barroso ingressou na magistratura aos 24 anos e teve como primeiro endereço profissional da carreira de juiz a cidade de Batatais, também no interior paulista. Em 1986 chegou ao Município para atuar na 1a Vara Cível do Fórum de Mogi das Cruzes, da qual esteve à frente por 10 anos e três meses.

O desembargador trocou o trabalho na Cidade pelo Fórum de São Miguel Paulista que, na década de 90, já era entrância final, condição que permite a promoção de magistrados para o Tribunal de Justiça e que o Fórum de Mogi só alcançou recentemente. A mudança para a comarca de São Paulo permitiu que, há seis anos, Barroso fosse designado para a maior instância do Poder Judiciário do Estado de São Paulo, onde desde então ocupava o cargo de juiz substituto da 1ª Câmara de Direito Privado.

Para ele, a promoção para desembargador representa a continuidade de uma carreira digna. "Digo continuidade porque um desembargador nada mais é do que um juiz mais vivido, mais experiente. É natural que, por ser uma carreira, o juiz tenha acesso ao Tribunal. Ele chega nesta posição, no meu caso, por merecimento, mas poderia ser por antiguidade também. Não há nenhum problema nisto", avaliou Barroso que, orgulhoso, fez referência aos 27 anos de magistratura.

Casado há 30 anos com Adriana da Rocha Barroso, o juiz é pai de Juliana, Paula, Edison Filho, Paulo de Tarso e Maria Luísa, esses dois últimos, mogianos de nascimento. Apesar do sucesso profissional do pai, nenhum dos filhos de Vicentini Barroso optou pela carreira da magistratura.
"Acho que de tanto ver o pai trabalhar demais. A vida de um juiz, verdadeiramente vocacionado é muito difícil porque o patrão, chamado consciência, é o maior algoz", disparou o juiz, que é um ferrenho torcedor do Corinthians e que teve a dupla alegria de ser empossado no cargo logo depois de uma vitória do seu time por 2 a 1 sobre o Santo André, no último domingo, pela Campeonato Paulista.

Articulista que não se exime diante de determinadas posições do governo, ele também não titubeia a criticar situações internas do próprio Poder Judiciário. Para O Diário, ele admitiu que há muito o que ser feito para melhorar a Justiça no País e no Estado. "Falta muita coisa, mas estamos tentando. Há boas pessoas dentro do Judiciário. Como em todos os setores, há aqueles que dignificam a instituição e aqueles que não dignificam tanto assim. Mas nós procuramos nos unir para bem servir a população", afirmou Vicentini Barroso.

De acordo com ele, a morosidade no trâmite dos processos é apenas um dos entraves. "É só um dos fatores. Mas para solucionar esse fator, precisamos de uma reformulação estrutural, a começar pela reformulação legislativa. Tem recursos demais no nosso processo civil. Há necessidade de um enxugamento legislativo para que as leis se tornem mais firmes, menos quantitativas e mais qualitativas", concluiu.

Hoje, Mogi das Cruzes já tem no Tribunal de Justiça outros três desembargadores: José Elias Habice Filho, Antonio Carlos Ribeiro dos Santos e Marco Nahum. Até pouco tempo, contava também com Walter Cruz Swensson, que se aposentou. Aguardando nomeação há, ainda, Jéferson Moreira de Carvalho e José Helton Nogueira Diefenthäler, que atuam como juízes substitutos no TJ.
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Fonte : O Diario

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